Pioneiros do futebol (texto de 09/05/2007)
Pouca gente já ouviu falar numa equipe escocesa chamada Queen’s Park. Talvez porque insistiu em manter-se no amadorismo quando o futebol tomava definitivamente o rumo do profissionalismo (e quem pode condená-los e dizer que foi erro ou acerto?). Talvez porque Celtic e Rangers se agigantaram no futebol escocês ao longo das décadas e dominaram o cenário do esporte no país. Talvez porque pouca gente presta atenção ao campeonato escocês de futebol. Ou talvez pela conjugação de todos estes fatores.
Em 9 de julho de 1867, no sul de Glasgow, era fundado o Queen’s Park Football Club, o único clube dentre os 42 filiados à Federação Escocesa de Futebol que permanece estritamente no amadorismo e, atualmente, disputa a quarta divisão do futebol do país. Com a chegada do profissionalismo, todos sabiam que a equipe não poderia mais competir como favorita, como aconteceu nas primeiras décadas de sua existência.
A verdade é que o título deste texto não é por acaso. Esta frase é dita pelos próprios torcedores fanáticos da equipe – e com propriedade. O Queen’s Park participou diretamente dos preparativos para o primeiro jogo internacional de futebol entre seleções, disputado entre Escócia e Inglaterra em 1872, sendo a equipe escocesa formada somente por jogadores da equipe alvinegra de Glasgow. Um ano depois seria fundada oficialmente a federação de futebol do país, tendo o Queen’s Park como um dos membros fundadores. Ao mesmo tempo, era aberto pela primeira vez o seu estádio: o Hampden Park, palco das partidas da seleção escocesa em sua última versão arquitetônica e também de várias partidas decisivas de copas européias.
O pioneirismo não pára por aí. O Queen’s Park foi o primeiro time a excursionar fora de seu país para disputar amistosos e torneios, no conceito moderno do assunto. Em 1879, após um amistoso no Ulster Cricket Ground, na Irlanda do Norte, sua passagem pelo país causou tanto furor que o Cliftonville F. C. foi fundado logo depois. No ano seguinte seria fundada a federação de futebol daquele país.
Em termos técnicos, foi o alvinegro escocês quem introduziu no futebol coisas nas quais ninguém havia pensado até então. Por exemplo, são atribuídas ao clube as criações do travessão, do intervalo de jogo e dos tiros livres. Estes fatos notoriamente levaram o clube a ter uma reputação pelas inovações, que foram logo adotadas de maneira geral no futebol, e que hoje são imprescindíveis à pratica deste esporte. Também é atribuída ao Queen’s Park a criação da cabine de imprensa, instalada no Hampden Park pela primeira vez em 1906.
Por incrível que pareça, não pararam por aí as inovações. No final da década de 20, o clube separou as arquibancadas do estádio em setores, assim como criou um estacionamento para os torcedores. Foi também o Queen’s Park, em 1937, o primeiro clube a vender integralmente os ingressos para um jogo com antecedência, não vendendo ingressos na bilheteria do estádio no dia do jogo (o chamado “all-ticket match”).
Ironicamente, a inovação que surgiu – e que o clube não seguiu – foi a que o “condenou” ao fracasso. Não se adequando, conscientemente, ao profissionalismo, a equipe ficou relegada às divisões inferiores do futebol escocês desde então. No entanto, mantém-se firme pelo amor de deus torcedores e dirigentes, continuando a formar jogadores e possuindo o principal estádio de futebol do país, com capacidade hoje para aproximadamente 52.000 pessoas.
Fonte: http://www.queensparkfc.co.uk
http://www.canalsports.com.br
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